segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O QUE É ARREPENDIMENTO BÍBLICO?

Antes de tudo, cabe definir o que não é arrependimento à luz das Escrituras: Primeiramente, arrependimento não é um mero levantar de mãos em assentimento à mensagem que foi pregada, porque histórica e experimentalmente conhecemos vários exemplos de pessoas que o fizeram, mas que dentro de algum tempo tornaram a "volver-se no lamaçal" do pecado. Em segundo lugar, não é apenas estar envolvido em trabalhos eclesiásticos ou doar as maiores quantias de dinheiro, segundo os princípios que Jesus dá em Mateus 7.21-23: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”. Terceiro, arrependimento não é uma mera moralização da vida, como muitos alegam que pelo fato de não comparecerem mais a festas mundanas, não beber, adulterar, brigar ou vestir-se inapropriadamente dentre uma série de outras coisas faz com elas sejam salvas, pois por diversas vezes a renúncia destas coisas se deve apenas ao fato de se obter um status social, como faziam os fariseus em gesto de hipocrisia.

Dadas as definições do que não é arrependimento bíblico, faz-se necessário começar com uma definição geral e depois prosseguir com uma mais especificamente bíblica. A palavra grega para “arrependimento” é metanõia, que quer dizer “mudança de mentalidade”, onde a pessoa se condói pelo mal cometido e decide mudar de atitude. Porém, conforme a Bíblia mostra, arrependimento é algo muito mais sério e profundo. É, pela graça de Deus, perceber que o Ser infinito, pessoal e perfeito de Deus foi ofendido e blasfemado, e por conta disso, ao confrontar o estado de eterna santidade de Deus com o estado de pecado da raça humana, sentir-se angustiado por merecer o inferno ao invés do céu. Também é ter nojo do pecado e almejar ser semelhante a Jesus, que é o padrão de toda perfeição (Hb 4.15; I Pe 2.21-22; I Jo 3.5). Quando se lê a experiência de homens como Isaías no capítulo seis de seu Livro, é notório que ele ficou profundamente enojado para com os seus pecados e os de sua nação. Ele chegou a pensar que iria morrer, quando exclamou: Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! (v.5). Tal experiência angustiante porém maravilhosa foi vivenciada por outros homens de Deus, tais como Moisés, Gideão, Jeremias e outros.

David Wilkerson compartilha algo interessante sobre o arrependimento: “Claro, existem igrejas hoje que não abrem mão quanto à essa importante doutrina bíblica. Mas diversas igrejas decidiram que arrependimento é uma mensagem ofensiva demais. Na verdade, denominações inteiras a desenfatizaram. Nestas igrejas, você pode ouvir tudo sobre o amor de Deus, Suas bênçãos, Seus preceitos para enfrentar a vida, mas nenhuma palavra sobre a dor de Deus devido ao pecado. Você pode ouvir mensagens sobre amar os outros e ser uma pessoa boa e benigna. Tudo isso é verdadeiramente bíblico, mas você não vai ouvir uma mensagem de arrependimento como aquela que Pedro pregou no Pentecostes. O sermão de Pedro levou milhares para a liberdade em Cristo. Muitos pastores hoje ficariam horrorizados com o que Pedro pregou naquele dia. Atos 2 nos dá o contexto para a poderosa mensagem do apóstolo: ‘E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: que faremos, irmãos?’ (Atos 2:37). Como esse verso demonstra, deve haver um conhecimento do pecado antes que possa haver arrependimento genuíno. É o propósito da lei, despertar um senso de pecado. E os corações daquelas pessoas em Jerusalém foram tocados quando ouviram a palavra de Deus e reconheceram seus pecados”. Ele ainda afirma que o arrependimento genuíno resulta em dor, remorso e desgosto pelo pecado, a ponto de mudar um modo de vida.

Infelizmente, hoje há uma preocupação maior em entreter e fazer as pessoas “se sentirem bem” a pregar que elas precisam se arrepender e crer em Jesus, caso contrário passarão toda a eternidade no inferno. O que está em evidência hoje é lotar os prédios das Igrejas em detrimento do Evangelho, e muitos não-convertidos participam destas denominações achando que são salvos. Não pregar sobre arrependimento é ter vergonha do Evangelho e é querer dar um remédio barato para um câncer que somente Deus pode curar. A função da pregação é mostrar às pessoas, pelas Escrituras, aquilo que elas precisam seguir e aquilo que elas precisam abandonar, e que não podem ter vida espiritual sem essas práticas. Deve-se louvar a Deus porque homens como John Piper, John MacArthur, Leonard Ravenhill, Paul Washer, Lloyd-Jones e outros têm sido instrumentos de Deus para essas últimas gerações permeadas de pragmatismo e antropocentrismo, por sua fidelidade à Palavra de Deus e à pregação sobre arrependimento.

Este artigo será finalizado com um apelo a igreja de hoje, para que esta seja fiel ao texto bíblico, pois é vergonhoso para pessoas que foram chamadas por Jesus omitir o arrependimento de suas pregações. Isso seria bajulação ao invés de pregação. É importante o que a palavra de Deus nos diz em II Coríntios 7.10-11: "Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar, mas a tristeza do mundo opera a morte. Pois vede quanto cuidado não produziu em vós isto mesmo, o serdes contristados segundo Deus! Sim, que defesa própria, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo provastes estar inocentes neste negócio" (II Coríntios 7.10-11). "Mas Deus... manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam" (Atos 17:30). "Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos, e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém" (Lucas 24:46-47). Portanto, é a Palavra de Deus, e não o público que determina a verdade e o conteúdo da pregação.


Soli Deo gloria

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